Em uma praia afastada e praticamente isolada, uma criança encontra o cadáver de uma mulher. Treze personagens acabam envolvidos pelo mistério, que vai além quando todos passam a vivenciar um fenômeno insólito e inexplicável.
Efemeridade. Uma palavra que pode resumir esta obra.
Mas, primeiramente, o que chama a atenção em Castelo de areia é a genialidade óbvia de sua capa. O suíço Frederik Peeters simplesmente coloca seu desenho de cabeça para baixo e causa uma estranheza singular que sintetiza o mote da trama.
A ideia inicial do francês Pierre-Oscar Lévy era levar sua história para o audiovisual, já que ele tem uma grande experiência no ramo, principalmente na produção de documentários. Terminou optando para adaptá-la para os quadrinhos, publicado originalmente pela editora Atrabile.
Sem se conhecerem, duas famílias, um casal e um misterioso homem árabe coincidentemente se encontram em uma praia isolada. Enquanto as relações cotidianas se desenvolvem sem tantas surpresas, uma criança encontra no mar o cadáver de uma mulher.
O espanto causado pela descoberta é nublado pela estranheza de uma situação logo percebida por todos: ali, o tempo passa tão aceleradamente que, em poucas horas, as crianças entram na puberdade e, logo, na vida adulta, enquanto os adultos envelhecem e os idosos tornam-se anciãos e morrem.
Desesperados, os protagonistas tentam sair da praia, sem sucesso. Todos estão confinados naquele misterioso lugar. Mas qual a origem daquele fenômeno? Por que eles? E, principalmente, conseguirão escapar?
Aparentemente, o leitor poderá achar apenas uma boa história na linha Além da imaginação, em que um aspirante a Stephen King ou Ray Bradbury poderia criar, mas o álbum vai além, por culpa do que se esconde nas entrelinhas.
É uma situação da qual as “vítimas” não conseguem escapar. A única diferença é a aceleração da ampulheta orquestrada por Lévy e Peeters, o que faz quem está lendo cair na real: a única certeza da vida – o fim dela -, como a durabilidade de um castelo de areia na praia. Depende do clima, de como é feito, como é moldado, enfim, os infinitos fatores que andam com os ponteiros do tempo.
Perfeita metáfora acerca da brevidade da vida. Pequena grande obra, porque faz o leitor pensar nas plantas e castelos que construiu e ainda vai edificar até a palavra “fim” no canto da sua página.
Castelo de areia concorreu ao prêmio de melhor álbum do Festival de Angoulême em 2011. A obra foi escolhida para a entrada (em grande estilo) do selo da Alaúde Editorial, batizado de Tordesilhas, no mercado de quadrinhos.
Que não seja efêmero…
Resenha escrita por Audaci Jr - Texto Extraído do Universo HQ
• Páginas: 104 • Formato: 22 x 29cm • Acabamento: capa cartonada •
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